sexta-feira, 21 de junho de 2013

É a tal coisa...

É a tal coisa: O povo elege aquele candidato, que foi imposto por outro candidato. O candidato eleito segue aquela cartilha determinada pelo impositor para governar. Quando o eleitor precisa do seu eleito para se explicar ou explicar por si mesmo seu governo... Lê o discurso da cartilha. Ele não é nada mais que o discurso da cartilha, só isso. Nada além disso se espera.

domingo, 9 de junho de 2013

Areias que cantam



Areias que cantam

                Consta que um velho guerreiro, de nome Curimbaba, cansado das constantes mudanças da aldeia, não podendo mais caçar nem guerrear, recusou-se a seguir adiante e preferiu quedar-se cá, neste sitio. A mais nova de suas filhas, Jururê, contra tudo e contra todos, resolveu ficar tomando conta do pai. Muitas luas se passaram. Um dia, em que o ancião estava sozinho na oca, apareceu um estranho guerreiro, vindo de muito longe, pedindo pousada. O velho deu-lhe de comer e beber, mas quando o moço elogiou-lhe o cantar da filha, que se banhava na lagoa, ficou com ciúmes. Ao volta para a oca Jururê pareceu encantada com o desconhecido. O ciúmes do pai cresceu. O velho já nem dormia mais, de tanto que espreitava os dois. Mas uma noite acabou caindo no sono. Quando despertou assustado, as outras redes estavam vazias. Foi então que ele ouviu o canto de Jururê. Desconfiado, armou-se com a sua borduna e seguiu a musica. E la estava a sua menina e o estranho guerreiro, deitados na duna, em tal rala-rala que a rapariga até cantava! O ódio tomou conta de Curimbaba. Devagarinho, achegou-se e, de uma bordunada só, abriu a cabeça do estranho. Jururê fugiu e se meteu pelas dunas. O velho morreu de tristura. Mas Jururê nunca mais quis sair daqui. Incontáveis luas passadas, ainda hoje ela canta nas dunas, chamando pelo único homem que teve dentro de si.

Do livro "O fundador"
Autor: Aydano Roriz.